sábado, 10 de setembro de 2011

2011

Dia desses embarquei numa "discussão" filosófica com meu amigo. E consistia em uma só idéia: estamos velhos, cara. Sim, com 24 anos estamos velhos. Tudo bem, agora eu entendo quando o povo de 50 diz que se sente como se tivesse 20. Eu percebi que ainda me sinto com 18. Mas aí foi pensar sobre o comportamento do povo que tem 18 hoje e me senti com 60.

Dia desses, num frio desgraçado, numa tarde de sábado, recebi uma ligação me convidando para "curtir a noite" (ok, não foram nessas palavras, mas enfiiiimm). E eu realmente só podia estar muito entediada ou com muito fogo já sabe onde para sair naquele frio lazarento. Mas eu fui porque, sabe como é, ainda sou jovem, tenho que "curtir a vida".

Posso dizer, sem nenhuma sombra de hipocrisia, que saí realmente para me divertir. Porque essa história já é manjada né... Você vê as "moçoilas" nas "buatchys" no salto, maquiagem quase de drag queen, vestidinho que, certeza, não gastou mais de 50 cm e tecido pra fazer (naquele friiioooooo dos infernos, cara, porque piriguete não sente frio jamais né)e ainda têm a audácia de dizer "só vim pra dançar". Ahammmm... no fim da noite é possível ver como elas estão só "dançando".

Enfim, mesmo que eu quisesse sair para me divertir de ouuuutra maneira (se é que vocês me entendem), seria difícil né. Porque, com tanta carne exposta (e nessa hora me vem na mente aqueles cortes de carne expostos nos açougues), a vida fica difícil p/ mim, com meus meros ossinhos todos cobertos devido aquele frio dos diabos que né,só quem não tá "no veneno" sente.

E não era só toda essa "exposição da figura " que incomodava. Maaaanooo... eu olhava para os lados e não sabia se ria ou se me deprimia.No fim das contas era engraçado ver aquela espécie de "dança do acasalamento": as garotinhas se esforçando para ser mulher (tudo bem que acaba parecendo outra coisa, maaaasss..enfim), vezenquando meio que baixando a pomba gira, os garotinhos no maior estilo "pavão", enfim...aquela coisa que só se torna engraçada e triste ao mesmo tempo para quem já passou há muito tempo dessa fase ou, quem sabe, nunca passou por ela.

Parei para pensar e constatar novamente: estou velha, mano. E não, não é no mau sentido da coisa. Por mais que eu fosse madura, nos meus 18, paro, penso e percebo que não tinha sequer um terço da noção que tenho hoje, a noção do ridículo que tenho hoje, os planos, as experiências, os trejeitos, os amigos, a consciência, o auto-conhecimento, a alegria que, embora de certa forma adquirida por meio de muita tristeza, não é uma alegria vazia, é merecida.

Penso que em um ano, vivi mais do que em 17, 18, por aí. Puta merda, quanta coisa planejei para esse ano, quantas preces eu fiz, quantas realizei, quantas continuo esperando, lutando, planejando novamente. O quanto eu sofri, surtei, me estressei. O quanto eu levantei, respirei fundo, comecei de novo, o quanto eu ri,chorei de felicidade, o quanto me surpreendi, o quanto eu me fechei, me abri. Porque,muitas vezes você tem que ter forças para se fechar para certas coisas, pessoas, situações. Da mesma forma é necessário ter forças para se abrir para milhões de outras para as quais você se fechou.

Veja bem, quanta coisa só nesse ano, que ainda nem terminou. Acredito que aos 18 eu não vivia, eu via a vida passar e acompanhava. E, se me perguntar o que eu realizei em 2011, posso responder sem hesitar: foi nesse ano que decidi começar a viver. A época dos meus 18, foi apenas um preparatório. Hoje eu vivo, não só assisto. E, cara, apesar dos pesares (que são muitos), posso dizer: é uma delícia!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Bad day

Sabe aquele dia que, cá entre nós, não deveria ter existido? Como se, se você pudesse voltar no tempo, dormiria na noite de terça e só acordaria na manhã de quinta? Pois é, destes!

Sabe aquela vontade de se tornar miniatura, se esconder numa caixinha pequena e ficar só consigo mesma, ouvindo (no máááximooo) só o som da sua respiração, sem sequer lembrar que existem outras pessoas no mundo? Pois é, destas!

Um dia de cão, sem dúvidas. Aquele dia que parece que existiu somente para provar a sua fé. Fé em si mesmo, no caso, porque para Deus ou qualquer outra divindade a gente sempre acaba guardando um pouquinho, isso é fato. Parece que a gente guarda a fé para todo mundo e, caso sobre, fica um "restim" de fé em nós mesmos.

E aí, depois de toda aquela história de "eu sempre seguirei em frente", "serei feliz custe o que custar", "com certeza vou vencer na vida porque sou forte e, se Deus é por nós quem será contra nós?", blá blá blá parece se equilibrar na corda-bamba, podendo despencar lá de cima, do alto da sua auto-estima intocável e quebrar, como um vasinho de cristal. E talvez ela despenque, se espatife em mil pedaços, você traumatiza e nunca mais se aventura a subir novamente no picadeiro, "a quem eu achava que ia enganar, eu sempre soube que não era tão forte", "pra que lutar, não dá 'pra ver? Sou um fracasso mesmo", mimimimimi.....

Ou talvez, você, teimoso 'pra caraleo, vai lá, todo pedante, junta tooooooodossss os caquinhos, põe na sacola, nem sabe se vai dar para colá-los, mas faz cara de "quem disse que eu não consigo" e parte para remendar o tal vasinho, talvez adicione outros detalhes para ajudar nos remendos, diz que assim está melhor "porque antes tava muito sem graça mesmo, já tava na hora de quebrar saporra 'pra eu tomar vergonha na cara e fazer um vaso decente". Começa tuuuudo de novo, não hesita em subir no bendito picadeiro porque "caí, levantei, tô vivo, posso subir de novo". E lá está você de novo.


Felizmente / infelizmente, sou desse jeitinho, sem tirar nem por. Claro, vou despencar e subir novamente sabe-se lá quantas milhões de vezes. A idéia é ter um vaso fodástico né. Vai que um dia eu consiga? Pois é, tá aí... eis a minha maior qualidade e, provavelmente, o meu maior defeito: como diria o finado Cazuza, "Eu só sei insistir".

segunda-feira, 14 de março de 2011

São as águas de março fechando o verão...

Estava sozinha, enquanto o céu parecia desabar. A natureza "chorava" todas as lágrimas a que tinha direito, creio que até muito mais lágrimas do que as que o ser humano realmente causou. Não há meio de comunicação. Eletrodomésticos desligados, possibilidade de curto-circuito, não há pessoas, quase não há luz. Não há o que fazer. A inquietude a toma de assalto, o medo também. Não tinha nada para se distrair, se sentiu oprimida, como se tal manifestação da natureza fosse um ultimato para que se deixasse mergulhar em si própria, longe de estímulos externos. Era um meio de, pela primeira vez, ter como companhia apenas ela mesma. Constatou que era uma companhia chata e entediante. Menos de quinze minutos e já estava a ponto de surtar. Não conseguiu: escolheu como companheiros papel e caneta e se pôs a escrever pensamentos abastratos e meio que sem nexo. Pensou bem e tentou refletir: que tipo de solidão era a que ela dizia que amava tanto? Essa que sentiu foi horrível . Pela primeira vez sentiu falta de pessoas. Ao menos das vozes delas. Diante disso concluiu que o ser humano é mesmo bizarro. É autosuficiente, dono do próprio nariz, por vezes se sente superior ao próximo. Até se sentir acuado pelo medo, oprimido pela solidão, até passar a se colocar no lugar do outro. E aí, depois de reconhecer sua vulnerabilidade e necessidade do outro, ser confortado ou se sentir útil, volta a ser o mesmo de antes. Acho isso bem perceptível quando acontecem desastres naturais. Seja tsunami no Japão, terremoto no Haiti, desabamentos no Rio, whatever. A sequência é sempre a mesma: Primeiro a perplexidade e a incredulidade: "Meu Deus, como pode"? Como assim??? Venhamos e convenhamos: desde que o mundo é mundo, tudo é possível. Pode não ser bom, mas sim, é possível. Deposi vem a curiosidade, o fascínio. O ser humano tem uma curiosidade infinita e, em se tratando de fenômenos naturais então... É isso que te faz ligar a TV no Jornal Nacional, Jornal da Globo, Domingo Espetacular, Fantástico, e até esperar a musiquinha do "Plantão". Torna-se uma coisa emocionante (para quem está de fora, logicamente). É isso que te faz perder tempo e ficar hoooras no youtube procurando vídeos novos e mais nítidos de um melhor ângulo do tsunami. Normal, perfeitamente normal. Somos "humanos", não é? Aí começa isso: nos sentimos "humanos" e acontece uma onda de solidariedade. Doação de roupas para lá, fila do sopão para lá, rifas e leilões beneficentes. Todos demonstram sua solidariedade, se emocionam com relatos de sobreviventes, fazem orações. Por fim, passadas duas ou três semanas: o esquecimento. Todos retomam suas vidas, os jornais encontram outras matérias ( mais um escândalo políticou ou mais uma peripécia de Charlie Sheen). A vida volta ao normal. Aí a tal "tragédia" vira piada de humor negro no twitter, facebook, em blogs, vlogs, enfim... Até, passado algum tempo, haver outra catátrofe. Aí voltam todas as etapas da "onda de solidariedade" (sem trocadilhos infames com tsunamis, please). E assim, os humanos se sentem "humanos" novamente.